Depois do aconteceu com o Jornalista Valdeck Filho, alguém ainda tem alguma dúvida se existe ou não imparcialidade jornalística?
Nesses últimos vinte
anos, houve uma mudança de mentalidade tanto em nível profissional como a nível
empresarial. No jornalismo baiano não foi diferente, sua estrutura teve que se adequar
ao crescimento da cidade do salvador que saiu do provincianismo para assumir
ares de metrópole. Neste cenário, as medidas coercitivas exercidas contra a
imprensa vem sendo bastante discutida , além disso discute-se também a
exigência ou não do diploma para exercer a profissão e se o mesmo ajuda ou não
a manter o status quo da mídia moderna.
A fonte de renda de um
veículo de comunicação determina se ela é independente ou não, se ela é
imparcial ou neutra, se ela sofre ou não influência do poder econômico ou do
Estado.Quando se fala de televisão, podemos classificar a rede globo como
independente devido ao seu alto faturamento. Atualmente, os meios de
comunicação estão mais preocupados com seus patrocinadores e com a busca
desmedida pela audiência do que com a função social de bem informar e orientar
o telespectador. Daí já se percebe que a imparcialidade fica para trás na
pratica jornalística.
O próprio histórico da
mídia mostra que a mesma nunca foi imparcial, sendo manipulada não só em
períodos de guerras, mas em todo seu cotidiano. As funções básicas do
jornalismo (educar, informar, divertir e fiscalizar) não estão sendo
desempenhadas no exercício da profissão o que gera um descrédito na imprensa
brasileira. Com isso, a imparcialidade jornalística torna-se um mito cada vez
mais marcante em nossa sociedade, cabendo ao jornalista atuar dentro da ética e
sempre mostrando os dois lados da questão fornecendo ao leitor todas as
informações necessárias para que ele mesmo possa decidir que versão ele deve
apoiar.
Os jornalistas
contemporâneos costumam cobrar a negligência de outros profissionais, mas não
costuma apurar suas próprias negligências. São poucos que procuram, dentro do
possível, cumprir com seu papel. Dentro possível, porque existem empresas de
comunicação que estão vinculadas a grupos políticos, pois a finalidade maior do
jornalismo não é mais a sua função social, mas dar suporte aos grupos políticos
que a sustentam. Mais de 50% desses veículos ( rádio, emissora de TV, jornais)
são controlados por políticos e a outra metade por pessoas que estão
diretamente ou indiretamente ligada a grupos políticos.
Na busca pelo sucesso
profissional, muitos jornalistas sobre as mais variadas formas de pressão,
podem ser levados a praticarem a autocensura a fim de atender as regras ditadas
pelas normas políticas,econômicas e sociais do momento. Um exemplo disso, foi o
debate de 1889 entre Collor e Lula na Globo, houve uma manipulação e a falta de uma imparcialidade jornalística
visível.Essa falta de imparcialidade não é só no campo político. Que as
empresas vetam anúncios que ferem seus interesses ou convicções é um fato real.Se é legal ou
não, é outra questão. Mas dentro desta situação, observa-se que quando um
veículo nega, sempre tem um que publica.
A maioria dos
brasileiros tem como fonte principal de informação a TV, a mesma acaba sendo
responsável pela má informação da população já que é impossível colocar em 20
ou 30 minutos todas as informações
necessárias no ar com seus respectivos e diferentes ângulos. O conteúdo das
informações recebidas já chega filtrado e somam-se a informações de outras
fontes, deixando assim, de representar a realidade fidedigna. A realidade está
cada vez mais distante de ser retratada com fidelidade e imparcialidade, pois
os programas na busca desmedida pela audiência estão apelando para a
dramatização na notícia e exploração de aberrações como o programa do Ratinho,
Se liga Bocão, Na Mira dentre outros.
Apesar de estarmos no
século 21, estamos ideologicamente voltando à década de 70, onde qualquer
pessoa que queria escrever ia para o jornal fazer um “bico”. As pessoas
sentavam e escreviam suas próprias opiniões ( era um jornalismo pessoal e
opinativo) não existindo a apuração dos fatos o que afeta diretamente sua
credibilidade. Hoje, existe a apuração dos fatos, porém com a não exigência do
diploma de jornalismo, abre margem para pessoas sem qualificação e
profissionalização escreverem livremente o que bem entenderem, sem seguir o
pilar essencial do jornalismo que é a imparcialidade.
Como ser imparcial se a
censura econômica está presente e o jornal não pode falar coisa alguma que
possa afetar seu anunciante? A empresa
tem que garantir a sua sobrevivência. Essa situação vem se chocando com suas
funções de informar (mantendo o cidadão consciente do que está acontecendo no
seu meio social mais próximo e fora dele). Neste aspecto, informar também é
educar, pois orienta o cidadão a como proceder diante de certos fatos e descobertas
científicas. Outro papel da mídia é divertir, oferecendo lazer a população e
não mostrando senas sangrentas no horário de almoço. E por fim o papel de
fiscalizar, que muitas vezes é sufocado em detrimento de interesses políticos e
econômicos como aconteceu o com o jornalista Valdeck Filho que foi demitido por
cobrir a greve da PM Bahia , a TV Aratu acatou a ordem de Jaques Vagner. A
mídia é um espelho da sociedade, a TV refle o que está acontecendo no Brasil e
como pensa e age o povo Brasileiro. Assim, mais uma vez a imparcialidade é tida
como um mito no meio jornalístico e social.
Resenha do livro: Imparcialidade é Mito de Sergio Mattos.