domingo, 19 de maio de 2013

Diploma de jornalismo: a luta por um pedaço de papel!


Em junho de 2009 o STF acabou com a exigência do diploma para jornalistas.  O principal motivo: a norma era incompatível com o princípio de liberdade de expressão garantida na Constituição de 88. A partir daí, começa a luta e a corrida desmedida por defender um pedaço de papel.

É bem verdade que existem técnicas e regras de apuração de reportagem que são ensinadas nas Universidades, mas também é verdade que a qualidade do ensino superior no país teve um decréscimo considerável nos últimos anos, basta dar uma olhada nos resultados do ENAD. A política geral do MEC é a quantidade e não a qualidade. O importante é ter números e não pessoas que realmente aprenderam algo no decorrer de suas vidas acadêmicas.

Existem universitários que chegam às faculdades sem saber o básico do português e se mantém assim até caírem no mercado de trabalho totalmente despreparados, mas com um pedaço de papel nas mãos que lhe garante ser um profissional da informação: o diploma. Do que adianta esse sistema? Qual a diferença que este “profissional” vai ter em relação ao não diplomado? Reduzir o bom jornalista a um diploma é no mínimo uma afronta à sociedade.

A luta do momento não deveria ser por um pedaço de papel, mas sim pela qualidade do ensino não só dos profissionais de jornalismo, mas de todas as profissões. Do que adianta defender a bandeira do diploma, se o aluno passa quatro anos na faculdade e não vê nem 50% da ementa? Do que adianta passar quatro anos na faculdade, lhe dando com professores mal remunerados, desmotivados e mal humorados?

Qual motivação o professor vai ter em sair de sua casa para ensinar e perceber que os alunos que lá estão só estão porque o pai ou a mãe estão pagando, ou simplesmente porque os alunos querem um diploma e não um aprendizado para a vida? Qual estimulo terá um professor para prosseguir desta forma?

A sociedade deveria fazer um convite às autoridades, no sentido de convidá-las a esquecer do diploma e focar na problemática do ensino e da filosofia do saber no Brasil. O Diploma ficaria para segundo plano. Há uma inversão de valores aqui, algo tão grave que se não for revisado imediatamente, ajudará a garantir a formação de analfabetos funcionais “vomitados” no mercado de trabalho em decorrência de uma política que visa tão somente números.

É algo bem parecido com a Policia Militar, tomando como exemplo a da Bahia. Só se preocupam com a quantidade de policiais, mas a qualidade deles é algo que fica para segundo plano. Do que adianta milhões de policiais espalhados pela cidade, se eles não tiverem o mínimo do conhecimento de direito penal, direitos humanos, ética, moral e policiamento comunitário? A policia daqui é considerada tão truculenta que a ONU pediu ao Brasil o seu fim. Seria esse o caminho? Acabar com a polícia? Ou uma política de acesso à educação, faculdade de qualidade, cursos de extensão, melhores salários e outras políticas que tornasse o policial amigo do cidadão e não aquela figura vista como “truculenta e agressora”? E esse raciocínio se estende a todas as outras profissões, é melhor a quantidade ou a qualidade? O que vale mais: dois jornalistas diplomados que não sabe 10% do que a profissão exige, ou um jornalista que tenha consciência filosófica e social da responsabilidade coletiva do jornalismo para uma sociedade civil organizada?

É isso que precisa ser discutido e revisto. Depois é que vem o diploma! Existem jornalistas que chegam a ser preconceituosos com os estagiários de jornalismo. Em sala de aula, ouvi o professor dizer: “sou contra estagiário fazer publicações”.... Porque o estagiário não tem um pedaço de papel está automaticamente inapto a escrever um artigo ou texto sobre qualquer assunto, sob a supervisão de seu editor?

Quer dizer que o estagiário de jornalismo está fadado a ser apenas um instrumento de uso dos diplomados e não tem direito algum de ter um texto divulgado em um veículo de comunicação, simplesmente porque lhe falta um pedaço de papel?

Como estagiária de jornalismo, tenho textos divulgados em revistas e que antes de serem publicados passou pelo olhar da editora e da revisora, nada mais justo, já que elas têm uma experiência mais vasta do que eu no mercado de trabalho. O que não pode acontecer, é ajudarmos a propagar o preconceito contra qualquer pessoa, por causa de um pedaço de papel sem antes avaliarmos a qualidade pedagógica do profissional envolvido.

O pior, é que existem estudantes de jornalismo caindo nesse oba-oba e esquecendo do que é primordial: um ensino de qualidade e isso realmente está muito além de um simples diploma.

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