quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Despertar do Capitão América.




Super-herói dos quadrinhos criado por Joe Simon em 1941, em plena Segunda Grande Guerra, logo após o ataque aéreo japonês a Pearl Harbour, em 7 de dezembro daquele ano (o que obrigou os EUA a entrarem na Guerra após alguns anos de apatia do lado dos aliados), o Capitão América volta a atacar. Só que desta vez nas telas das grandes salas de cinema do mundo inteiro. 
Num momento em que os Estados Unidos amargam uma crise econômico-financeira atrelada a uma dívida pública de cerca de 14 trilhões de dólares, só mesmo recorrendo ao imáginário popular de sucesso do início dos anos 40 para arrefecer os ânimos populares contra o governo de Washington, onde o desemprego, a miséria, a falta de esperança no futuro e a perda de influência politica (e também cultural?) são preocupações constantes do governo de Barack Obama.
Evitando polêmicas ao escolher nazistas como o inimigo público número um, ao invés de árabes ou asiáticos muçulmanos da Ásia Central, Hollywood desta vez inovou em termos dos alvos a serem atingidos. O nazi-fascismo volta ao debate em meio a ascensão de movimentos neo-nazistas que se espalham por uma Europa também mergulhada numa crise econômico-financeira e com problemas sociais idênticos aos dos EUA. O exemplo mais recente são os atentados ocorridos na Noruega.
O filme é lançado no Brasil dias antes de Obama decidir se vai pagar ou vai dar calote a seus credores, entre os quais se destacam os credores chineses, que representam a maior potência econômica verdadeiramente em ascensão neste século.
Um magérrimo Steve Rogers é transformado no musculoso Capitão América, sob o olhar duvidoso do seu comandante que só terá como recurso para enfrentar o inimigo (representado aqui por um nazista de crânio vermelho) a tão propalada superioridade tecnológica dos EUA em relação ao resto do mundo.
O Capitão América, após ter decidido arriscar sua vida para evitar que Nova York, Washington e outras megalópolis dos EUA fossem destruídas em minutos por bombas nazistas lançadas de uma aeronave, decide desviar a rota em direção ao mar enquanto a platéia ansiosa aguardava o desfecho do episódio. O herói acorda de um sono profundo em 2011 e sai pelas ruas de Nova York em busca de respostas para esse fenômeno.
Respostas são o que o povo americano precisa para indicar a saída para a crise que o atormenta. O nosso caprichoso herói poderá enfrentar com a mesma resiliência a maior crise financeira de sua pátria desde 1929? Como os seus músculos poderão ajudá-lo a chegar a um acordo entre democratas e republicanos e evitar a maior vergonha nacional diante da iminência do maior calote da história econômica do Ocidente? Talvez o nosso herói tenha que dormir por mais 70 anos para saber que o Império Americano já esteja chegando ao fim.

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