domingo, 26 de junho de 2011

Jornalismo Opinativo: O Que a Comunicação Social Não Fala Sobre Kaddafi.


Boa noite queridos,
O texto é longo e um pouco técnico no início, mas peço paciência e leiam até o final. É importante ok? Este artigo vai ser publicado em duas revistas e um jornal, em breve eu passo o link pra vocês.
            O presente artigo começará com uma indagação bastante pertinente e que deverá ser respondida no interior da consciência de cada leitor. A Comunicação tem realmente uma função social ou é usada como instrumento de manipulação da mesma?
            Em tese, a verdadeira comunicação social estuda as conseqüências da relação entre a sociedade e os veículos de comunicação de massa, ou seja, os mass media sem omitir as informações de interesse social. Aqui, entra um ponto fundamental: você sabe o que é informação?  Segundo a Comunicóloga Matilde Schnitman, em seu livro, a palavra como ferramenta de gestão, define informação como uma ferramenta que elimina incertezas e provoca uma reação, ou seja, alteração no comportamento dos seres humanos.
            É exatamente ai que mora o perigo. Alguns veículos de comunicação têm usado a informação para alienar a mente das pessoas, fazendo com que as mesmas passem a agir e a pensar segundo alguns critérios. E na maioria das vezes, funcionam. A informação chega, mas poucos investigam a sua essência, ou seja, viram massa de manobra. É simplesmente esse o poder que uma informação tem.
A circulação de informações tendenciosas ou até mesmo omissão de alguns fatos corroba o verdadeiro sentido do ato comunicar. E aqui, entra um exemplo básico que é o caso Kaddafi e a guerra cível na Líbia.
A mídia coloca o líder político da Líbia como um malfeitor, mas essa mesma mídia não divulga o outro lado, ou seja, informações que são pertinentes e que o mundo precisa saber. Como por exemplo, que o IDH da Líbia é maior que o do Brasil. Em 2007 a Líbia aparece na 56ª posição enquanto que o Brasil aparece na 70ª. Em 2010 o Brasil aparece na 73ª posição, enquanto que a Líbia está na 53ª colocação. Ou seja, enquanto a Líbia avança o Brasil regride e isso a nossa comunicação social não mostra.
Não é só neste aspecto que a Líbia saiu na Frente do Brasil, em termos de educação, o ensino lá é gratuito até a Universidade. Enquanto que no Brasil, as faculdades públicas são freqüentadas pelas elites e os pobres têm que se virar, trabalhando de dia e estudando à noite. Além disso, 10% dos alunos universitários Líbios estudavam na Europa, EUA, tudo pago.
Em relação à família, ao casar, o casal recebia até 50.000 US$ para montar casa. E aqui no Brasil? Existe algum programa parecido? A resposta é incisiva: não! No Brasil, dormir nas ruas é algo banal, comum de se ver. O casamento deixou de ter sua importância social. O homem casa e se quiser viver com outra além de sua esposa é só emitir um documento de União Estável, ou seja, poligamia disfarçada.
Um casal receber dinheiro do estado para garantir moradia? Isso não existe por aqui, existe a bolsa família que estimula a mulher a “multiplicar a prole”. É mais fácil dar um valor simbólico, do que melhorar a educação, dá oportunidade de crescimento social, investimento em profissões.
No Nordeste, existem milhares de pessoas vivendo abaixo da linha da miséria, foi o que apontou o Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), da Universidade Federal do Ceará (UFC). Segundo o relatório, 18% da população do Nordeste vivem em situação de extrema pobreza, o que representa 59% da população do País que vive nestas condições. Já no Norte, 16% da população vivem na miséria, representando também 16% da estatística nacional. Na Zona Rural, residem 47% da população brasileira considerada abaixo da linha da miséria.
 Além disso, é bem comum ver mendigos, principalmente no nordeste, entrando de 5 em 5 minutos nos ônibus pedindo dinheiro, vendedores ambulantes colocando à mercadoria nas mãos dos passageiros como uma muleta psicológica afim de sensibilizar à pessoa a comprar e assim ganhar uns trocados a mais. Viver de aluguel é uma realidade e os programas habitacionais não são tão eficazes no sentido de cumprir o artigo 6º da Constituição, em que a moradia é um direito social e dever do estado. Resta saber, se o programa “ Brasil sem Miséria” vai mesmo beneficiar essas regiões e quais serão as políticas públicas utilizadas no combate desta miséria.
Na Líbia, os Empréstimos pelo banco estatal são sem juros, e aqui no Brasil? Aqui, os juros são exorbitantes, a carga tributária absurda e nada disso é revertido em função do social. E a saúde na Líbia? Sistema médico lá é gratuito, rivalizando com os europeus com equipamentos de última geração. No Brasil, sobrevive quem pagar mais por um plano de saúde ou quem dormir nas filas dos postos e hospitais da rede SUS.
E dentro dessa reflexão vem a seguinte indagação: por que os mass media escondem essas informações do cenário mundial? O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros afirma que omitir informações de interesse social é um delito contra a sociedade e a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou diretores ou da natureza econômica de suas empresas.
Então, porque se tornou viável “detonar a Líbia” se fazendo valer da Comunicação Social? Quais interesses existem por trás desta manipulação social? Será que uns dos motivos não é Tomar o seu petróleo de boa qualidade e com volume superior a 45 bilhões de barris em reservas ou talvez para Fazer com que todo o mar Mediterrâneo fique sob o controlo da OTAN só faltando a Síria ser objeto de “detonações”. Ou quiçá pelo fundamental: O Banco Central Líbio não é atrelado ao sistema financeiro mundial, assim as suas reservas são toneladas de ouro, que dão respaldo ao valor da moeda, o dinar, que desta forma está resguardado das flutuações do dólar.
 Fica fácil inferir que O sistema financeiro internacional ficou possesso com Kaddafi, após ele propor, e quase conseguir, que os países africanos formassem uma moeda única desligada do dólar.
Então, quem sofre com esse bombardeio à Líbia? O povo. A OTAN comandada, como se sabe, pelos EUA, já bombardearam as principais cidades Líbias com milhares de bombas e mísseis em que um único projéctil é capaz de destruir um quarteirão inteiro. Os prédios e infra estruturas de água, esgotos, gás e luz estão sèriamente danificados; sem contar que as bombas usadas contêm DU (Uranio depletado) que tem um tempo de vida de cerca de 3 bilhões de anos (causa cancro e deformações genéticas).
Metade das crianças líbias estão traumatizadas psicologicamente por causa das explosões que parecem um terremoto e racham as estruturas das casas; Com o bloqueio marítimo e aéreo da OTAN, as crianças sofrem principalmente com a falta de medicamentos e alimentos.
Cerca de 150.000 pessoas por dia, estão deixando o país através das fronteiras com a Tunísia e o Egito. Vão para o deserto ao relento, sem água nem comida. Em suma: O bombardeio "humanitário" acabou com a nação líbia. Nunca mais haverá a "nação" Líbia tal como ela existia.
Entenderam? A Comunicação Social perdeu a sua essência e tornou-se um instrumento de manipulação. Vale ressaltar que é um dever dos leitores, serem investigativos e não aceitarem a informação como ela vem, sem antes conferi-las.
As pessoas precisam aprender a olhar os fatos por outro viés e desenvolverem a capacidade de colocar as coisas em xeque e desligar-se do senso comum, sem temer ao espiral do silêncio. Refletir que, por trás de uma informação há intenção subtendida ou explicita no intuito de alterar seu comportamento.
A reflexão das coisas é um dever de todos. Os papéis são diferenciados emissor – receptor, mas o dever de investigar é o mesmo, seja para jornalistas, seja para cidadãos. Afinal, ética é uma só e é universal. E ética, é ou pelo menos deveria ser, um dos pressupostos da verdadeira Comunicação Social.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Visualizações de páginas da semana passada