sexta-feira, 22 de abril de 2011

Informação: Usos da linguagem.


A escrita é a representação da fala. A mesma manifesta um estado avançado da língua e só é encontrada nas civilizações evoluídas. Sua evolução se deu com a escrita sintética (frase), escrita analítica (palavra) e a escrita fonética (som). Graças à escrita, o homem pode efetuar uma reflexão, uma análise de seu próprio pensamento. A escrita é ima garantia legal e a invenção da imprensa fez dela um modo de difusão das mensagens. Não existe mensagem cuja função referencial esteja ausente.
As mensagens escritas têm suas funções classificadas em: função referencial, expressiva, conativa, fática, metalingüística e poética. Estas estão embutidas nas mensagens e às vezes se manifestam de maneira indireta já que um texto sempre carrega as marcas de uma intenção e da passagem desta intenção do emissor para o receptor.
A função referencial tem o objetivo de informar, não se percebe a presença do destinador, nem a do destinatário como no informe, na resenha e no resumo. Já a função fática (facilita a comunicação) compondo uma mensagem legível, domina-se o desejo de comunicar. Na função expressiva, percebe-se a presença do destinador, a manifestação de seus pensamentos e opiniões com argumentos sólidos, como se observa na resenha crítica. O “eu”, ou seja, a personalidade do autor é dominante.
             Quando o objetivo é atingir o destinatário pelo teor da mensagem quer ele queira, quer não (o destinatário está implicado de maneira direta) usa-se a função conativa com argumentos econômicos, psicológicos, políticos ou sentimentais usando-se o verbo no imperativo e o vocativo. Este tipo de função lingüística é facilmente encontrado em textos publicitários e jornalísticos.
            Nos textos explicativos e didáticos, encontra-se a função metalingüística ( que é uma linguagem “sobre” outra linguagem), como por exemplo comentários sobre uma fotografia. Esta função define e comenta um texto em sua essência.
            Os textos que valorizam a informação pela forma de mensagem expressam a função poética. Manifesta-se em um estado puro, por si mesma. Suas manifestações essenciais são: o ritmo, o jogo das sonoridades e as imagens. Em relação à prosa comum, o põem se define a partir de certas restrições e de certas liberdades.
A restrição é no plano métrico. Muito se confunde a poesia com o verso e na verdade o valor poético do verso decorre de suas relações com o ritmo, com a sintaxe, com as sonoridades, com o sentido das palavras e o poema é um todo. À restrição constituída pelo verso pode ser acrescentada uma restrição concernente à combinação das estrofes e das rimas.
            A liberdade é no plano sintático e semântico, onde os poetas enfraquecem a sintaxe fazendo-a ajustar-se às exigências do verso e da expressão poética. Além disso, eles trabalham o sentido das palavras em direções contrárias. Desta forma a linguagem poética parece ter como característica principal a ruptura com a norma, na medida em que o estilo seria um desvio dos hábitos da língua, uma distorção. A linguagem científica não se confunde com a linguagem poética, mas, apesar disso ela chega a construir uma ruptura em relação a linguagem comum.
Essas classificações mencionadas nos parágrafos anteriores não têm nada de absoluto. Não há separação categórica entre essas categorias, pois, a poesia pode ser narrativa; o teatro, poético e o romance dramático.
            Dentro dessas funções encontra-se o destinador e o código. O destinador é um indivíduo: “o autor” e o destinatário é o público. O canal de comunicação mais comum é o livro, sendo suporte da mensagem e portador de significações. Já O código é o elemento mais complexo da comunicação literária, a língua portuguesa é um código comum a um grupo de leitores.
            Em relação à narração, que expressa uma organização verbal. É a manifestação do narrador que organiza e apresenta os elementos da narrativa em certa ordem, num certo tom e segundo intenções particulares. Manifestando elementos expressivos, conativos e poéticos do texto. É indispensável que se tome consciência dos códigos da narração, que se percebam claramente as convenções da narração e suas razões de ser. Uma narrativa não é algo solto, é organizada segundo objetivos precisos.
            A comunicação teatral, também é abordada no texto teórico e é bastante complexa. O autor de uma peça estabelece um contato com o público, mas de maneira indireta, através da execução da peça (cenários, atores), porém uma das convenções tradicionais mais arraigadas do teatro consiste em que o ator ignore o espectador como se existisse entre o palco e a platéia um muro virtual. O diálogo teatral recorre a certas convenções destinadas a trazer o espectador as informações necessárias à compreensão dos acontecimentos, diferindo do diálogo real.
            A comunicação teatral é igualmente visual: os gestos, as mímicas dos atores, os elementos do cenário trazem ao espectador informações suplementares. Nesse nível, existem igualmente códigos de comportamento gestual e da cenografia que exigiriam um estudo particular.  Com base na síntese apresentada sobre o estudo das expressões literárias, conclui-se que a literatura é um fenômeno de comunicação específica, pois ela gera seus próprios códigos estéticos.

Fonte: Livro Usos da linguagem de Francis Vanoye.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Visualizações de páginas da semana passada